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24 de jan. de 2015

Centro de SP: sobre amor, andarilhos e aquilo que se vê


Há algo de único no Centro de São Paulo. Talvez seja somente uma visão exagerada de quem cresceu lendo crônicas de jornalistas boêmios e que, por influência, ache os ares dessas ruas acinzentadas um tanto especial.

Andar me faz bem. Sempre me fez bem! E mesmo quando eu já estou bem, andar me faz mais bem. E andar pelo Centro então...nem se fala! Quantas vezes sai da Vergueiro, peguei a Paulista inteira, desci aquela Consolação desértica de transeuntes, dando voltas na Praça Roosevelt, seguindo pela Ipiranga e caminhando até a escadaria do Municipal (e parando por lá, claro! As pernas uma hora precisam descansar). São sei lá quantos quilômetros e sei menos ainda quanto tempo esse trajeto leva, não sinto o tempo, não sinto o corpo, não sinto. E o não sentir, nesse aspecto, é a sensação mais prazerosa do mundo. Catártico.


FOTO: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO 

E lá, já no Municipal fico a olhar. De dia, aquela balburdia que chega a bagunçar os sentidos: artistas de rua, amplificadores em portas de lojas, gente se trombando, aquela pesquisadora chata que teima atrapalhar o seu sossego a lhe encher de perguntas sobre consumo e afins. De noite aquele marasmo: a van policial (que ótimo), alguns bêbados cambaleando pelas calçadas e sumindo ao longe, casais de mãos dadas flertando e outros, mais intensos, se esquentando em toques e beijos, alguns mais solitários (Presente!rs Sempre só estou eu e meus pensamentos). Por falar em mim, olho cada um e penso que com eles passam histórias, tento decifrar em suas faces carrancudas, alegres, despojadas, indiferentes, etc, aquilo que eles possam ter vivido antes de estar ali. Assim como eu, depois de caminhar por muito tempo até lá chegar, parei ali com uma história, uma expressão, uma vida.


Faço isso desde, sei lá, dezessete anos de idade, onde saia das salas de concerto, das aulas musicais, para assim ficar. Andava esses caminhos de forma mais leve, tinha sim pesos carregados de outrora que eu fingia não estar ali mas que sempre carreguei, mas os passos eram menos difíceis e a respiração mais leve. O tempo passa (ohh se passa!) mas há aquilo que fica, um hábito, um pensar, um viver, um olhar. A cidade de SP assim como o mundo que se vive (Seja esse que se habita, seja aquele que se cria, seja aquele que só existe para nós pelo simples e puro destino) está aí como cenário de histórias, de anônimas histórias.